sábado, 11 de abril de 2015

Janinha Mell, uma poetisa na esteira do amor.



Bússola Literária, neste momento faz questão de enaltecer a brilhante carreira literária, da poetisa, Janinha Mell. São poucos, eu diria até mais, são raros os poetas e poetisas que escrevem obedecendo à métrica e as rimas nos dias atuais. Essa medida poética em consonância com essa entonação rítmica, foram praticamente abolidas, e, até, consideradas obsoletas, pelo atual estilo de poesia com versos livres. Janinha Mell conseguiu nestes três poemas que você terá a oportunidade de se deslumbrar – Eu sei que amo, Saudade e O teu cuidado –, a proeza da quase perfeição, com muita empatia e maestria na sua narrativa emocional. Técnica vista com mais intimidade com o surgimento do classicismo, movimento cultural que precedeu o renascimento.

Só pra você se recordar, desde o princípio da humanidade já se manifestava as expressões orais com peculiaridades explícitas do lirismo pessoal. Seja atenuando gestos decorrentes à conquista, ao companheirismo, ao envolvimento afetivo. Ou mesmo, numa inflamada manifestação repudiando determinada atitude inconveniente. Caracterizando-se por meio desse expediente, uma forma poética de aproximação ou renúncia.

Nesse contexto de ideias, a comunicação exaltou o fascínio pragmático do tema em questão, se encarregando do objetivo. Enquanto a utilização de palavras e frases requintadas com analogias primorosas, frequentemente utilizando a beleza e as virtudes de determinada oração. Em alguns casos, a verdade do momento se contrapunha, por exemplo, com o primor e a simplicidade frágil, porém encantadora de uma flor. Permitindo, dessa forma, enriquecer com majestoso brilho a construção de uma frase, tornando-a perfumada, pelo aroma refletido da delicadeza daquela espécie de singular beleza.

No entanto a poesia só tomou estética verbal, através da escrita, quando exaltava expressões que manifestavam o sentimentalismo e o ardor da paixão. Evidenciando o indomável desejo do querer, invocando juras de fidelidade e amor eterno. Eloquente manifesto muito comum nas canções dos poetas trovadores e seresteiros que glorificavam a paixão de forma vibrante, pela sonoridade do seu instrumento e sua voz fervorosa.

Pesquisadores acreditam que os primeiros escritos poéticos, datam do período que compreendia ao início dos monastérios cristãos, fundados por Santo Agostinho da Cantuária. Quando os seus discípulos, inspirados na doutrina a que se dedicavam, criavam versos sob a forma de hinos, onde expressavam contentamentos às bênçãos recebidas ou a alguma graça alcançada.

Os poemas de guerra Viking eram mais expressivos, porque enaltecia a bravura e a coragem. Tinha o cheiro do sangue feudal na lâmina das espadas. E, suas rimas harmoniosas soavam algo que se assemelhava aos tinidos do encontro das espadas, num combate violento e sangrento. Como forma pictórica, aninhavam-se no lirismo, retratando a natureza e sua beleza; o céu com sua cor, figurava na celestial claridade do sol ou na triste e melancólica imagem de nuvens densas, bem características do funesto momento.

Fatos históricos curiosos, que merecem ser relembrados como forma de percepção das transformações da linguagem utilizada pelos trovadores e poetas, nos dão conta, sobre o quanto a missão de uma mente poética é significativa e envolvente. Por exemplo: embora o romance gótico e o pré-romantismo, tenham marcado o nascimento da sensibilidade romântica moderna. Foi somente no início do século XIII, que a linguagem realmente mudou, permitindo que as classes sociais mais baixas se manifestassem com expressões que diziam palavras retiradas das profundezas dos abismos da alma, fazendo latejar o coração, por uma paixão muitas vezes, anônima ou se conhecida, estava impedida de se contemplar, até mesmo de ouvir tais idílios de ardor.

Em Hamlet, William Shakespeare – nota-se, nesta observação, que estamos citando referências, que datam de 1599 a 1601 – mesmo narrando uma tragédia, utilizou-se com certa frequência, frases concisas, analógicas e poéticas, para abrandar a dor da traição, da luxúria e da imoralidade infiltrada na própria nobreza, como se estivesse benzendo o mau, para que este, encontrasse o perdão e fosse bem recebido pelo Criador.

Entretanto, no final do século XVII, o romantismo se distancia das características neoclássicas, para se tornar a essência do fundamento romântico, que ainda hoje, vivenciamos. Claro, com bombásticas exceções, porque notadamente, presenciamos no próprio facebook, pessoas, para ser mais razoável: mortais, que se intitulam poetas, enquanto na verdade, estão escrevendo epitáfios mal escritos, achando-se o máximo da máxima.

Como o romantismo se tratava de um movimento artístico, político e filosófico, esta forma de manifestação romântica, embainhou a adaga do sofrimento intrínseco, sob uma visão de mundo, às vezes com o sonar sinalizando uma felicidade em muitas ocasiões apáticas, revestidas de lindas frases melódicas. Tornando-se pujante, através das atitudes e das condições de espírito do poeta ou poetisa.

Dessa forma, os autores românticos, voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos dissimulados, para expressarem seus sentimentos, ou até mesmo, brincar com a fragilidade emocional de quem pretendia conquistar e se engrandecer diante de uma plateia, recheada de eminentes pseudos eruditos e pseudos intelectuais, comuns na aristocracia burguesa, até o século XIX. E, por que não, até nos dias de hoje?

Vale destaque para um acontecimento no mínimo inusitado ocorrido com o poetinha Vinicius de Moraes. Eis o fato: Na saída de um show em Portugal, diante de estudantes salazaristas que protestavam contra ele na porta do teatro, Vinicius declama os versos de ‘Poética’: De manhã escureço/ De dia tardo/ De tarde anoiteço/ De noite ardo. Concluída a primeira estrofe, um dos jovens tirou a capa do seu traje de acadêmico e a colocou no chão para que Vinicius pudesse passar sobre ela – ato imitado pelos outros estudantes e que, em Portugal, é uma forma tradicional de homenagem acadêmica.

Na verdade esse poema ‘Poética’ foi escrito por Vinicius em 1950, quando ele ainda morava em Nova York. Somente foi publicado na sua obra, Antologia Poética, em 1954, no Rio de Janeiro. Diz o seguinte: De manhã escureço/ De dia tardo/ De tarde anoiteço/ De noite ardo.// A oeste a morte/ Contra quem vivo/ Do sul cativo/ O este é meu norte.// Outros que contem/ Passo por passo:/ Eu morro ontem// Nasço amanhã/ Ando onde há espaço:/ – Meu tempo é quando.

A você leitor, pelo qual é um dos motivos desta publicação. Também deveria se sentir premiado por, de repente, vê-se frente a frente, com o valor expressivo demonstrado nos versos da poetisa Janinha Mell. Esta é a razão de o Bússola Literária se orgulhar de destacar, a beleza natural desta criativa missionária do amor, sobre a imortalidade da poesia. Portanto, seria notável de sua parte, manifestar sua participação, comentando, apresentando opinião, acrescentando informações. Motivo mais que oportuno, para dizer que sua participação é preciosa.





Eu sei que amo


Amor é algo tão grandioso e perfeito
Que mesmo o mais sábio estudioso
Não conseguiu decifrar o conceito
Deste sentimento estranho e maravilhoso

Há amor que te pega e te vira do avesso
Amor que supera qualquer dimensão
Há amor que assume formas que desconheço
Há o amor que encobre qualquer ingratidão

Há amores que são imensos, eternos
Amores reais e às vezes platônicos
Há amores obrigatoriamente fraternos
Amores enrustidos, estranhos, vulcânicos

Amores tão ternos e amor traiçoeiro
Amor que mal surge e nos pega de jeito
Amor que é bandido e te muda inteiro
Que às vezes até parece amor imperfeito

Tentando entender os conceitos diversos
Eu também não saberia definir como
Nem sei se amo como amo em meus versos
Posso apenas dizer com certeza: "EU AMO" 





Saudade


Saudade de você
Que em meu peito se abrigou
Que maliciosamente
Se foi... partiu, me deixou

Saudade da palavra tua
Desta mentira contida
Nesta ilusão seminua
De uma promessa enrustida

Saudade quanta saudade
De tudo o que não tive
Do que levaste contigo
Mas que comigo contive

Saudade de tua presença
A me falar com a voz rouca
Tu és minha inspiração.
És o mel de minha boca

Saudade... sim, saudade
Do que partindo levou
Mas que este coração
Teimoso tudo tatuou 





O teu cuidado


Tu que me deste o teu carinho 
E que me deste o teu cuidado, 
Acolhe-me ao peito, como o ninho 
Acolhe ao pássaro cansado, 

Há longos anos ele arqueja 
Em aflitiva escuridão. 
Dá-lhe o melhor que ele deseja: 
Teu grave e meigo coração. 

Sê compassivo. Se algum dia 
Te vier do pobre agravo e mágoa, 
Perdoa o mal que desvaria 
E traz os olhos rasos de água. 

Não me retiro ofendida. 
Pensa que nesse grito vem 
Ternura inquieta e malferida 
Que, antes, não dei nunca a ninguém. 

E foi melhor nunca ter dado: 
Nem te pungido algum espinho, 
Cinge-a ao teu peito angustiado. 
E sintas todo o meu carinho.  



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O texto de apresentação, em parte contém excertos da internet.
Imagens: Internet
Vídeo: YouTube