domingo, 27 de dezembro de 2009

Ambição, o destino de uma raridade - 4ª Parte.
















Na parte anterior, Gustave Berthelot começa a alinhavar suas suspeitas e encontra na elegante Sthéfhanie Marret a possibilidade de uma parceria refinada e inteligente. Um robusto elo investigativo está se formando.



Antes mesmo do almoço dirigiu-se a Embaixada Árabe para se encontrar com Sthéfhanie Marret, alguma coisa lhe dizia que ela não estava no Louvre por curiosidade artística. Suas observações quanto aos detalhes do vaso iam além de uma simples visitante esporádica em busca de cultura milenar e obras de arte. Com cautela talvez conseguisse alguma evidência favorável, quem sabe até um entrosamento aproveitando suas experiências internacionais. E assim, o fez.

- Senhorita Sthéfhanie espero não estar tomando o seu tempo, mas poderíamos conversar? – Foi logo propondo um diálogo.

- Sim, claro! Está no meu horário de almoço, mas podemos conversar sem problemas. – Disse a elegante espiã.

- Pois bem, eu também ainda não almocei, que tal fazermos isto em algum restaurante aqui mesmo por perto? – Convidou Gustave.

- Claro, será um prazer! – Concordou Sthéfhanie.

No restaurante sem muitos rodeios Gustave Berthelot conhecendo o passado, o presente e as habilidades da moça, supondo de que ela havia feito o mesmo em relação a ele, facilitou a conversa revelando em parte sua atividade no Museu do Louvre no dia em que a conheceu.

- Senhorita é do meu conhecimento que o seu amigo Sheik Al-Kalihah é amigo do senhor Pierre François e que também é um importante colecionador de artes antigas. Pode-me dizer como sendo sua informante, quais as recomendações dadas por ele enquanto visitava a exposição? – Perguntou de chofre Gustave, evitando qualquer dissimulação que viesse atrapalhar seus propósitos.

- Sim, senhor Gustave. Ele me recomendou discrição e que estava temeroso que o vaso em exposição não seria o legítimo. Fazendo-me atentar para alguns detalhes que me ajudariam a entender e documentar as informações detectadas. Olhar com atenção o desenho das pedras da alça esquerda do vaso. Segundo ele haveria três sequências ao inverso da alça direita. A primeira que os rubis formariam um elo de duas alianças entrelaçadas e amarradas por esmeraldas; a segunda, os diamantes formariam um colar discretamente desenhado; e a terceira, as alianças seriam o pingente. – Esclareceu Sthéfhanie convicta de que suas informações não iriam comprometer o seu trabalho e depois causar certo impacto à percepção do experiente espião.

Continuou Sthéfhanie: - Sr. Gustave sei das suas atividades como espião frances de muitos anos. Sei também que o senhor não é nenhum jornalista e que está cumprindo uma função que não é muito diferente da minha, portanto, acho que deveríamos trabalhar juntos pela mesma causa. O interesse do Sheik não é pela obra em si, mas, proteger o patrimônio do amigo, que como ele, não gostaria de ver um objeto seu sendo subtraído de forma tão mesquinha e condenável. E por fim, prendendo os ladrões chegaremos ao receptador que também é um perigo para qualquer colecionador honesto. – Sintetizou a jovem espiã sem embaraço.

Gustave impressionou-se com a clareza dos detalhes que nem ele mesmo sabia, visto que, foi contratado para descobrir, prender os ladrões e desarticular a suposta rede de contrabandistas de artes, não lhe sendo adiantado qualquer detalhe que identificasse a obra em questão. Feliz com o que lhe foi dado de bandeja, através das informações adicionais presenteadas pela talentosa e atraente espiã, resolveram trabalhar em parceria dividindo entre eles o que sabiam até ali, inclusive dos possíveis suspeitos.

Uma vez acertado a parceria Gustave não perdeu a oportunidade de se informar até onde Sthéfhanie havia progredido nas suas investigações.

- E quanto a Olivier Maillard, o piloto do helicóptero, você esteve com ele não?

- Sim, claro! E você presenciou nosso encontro no Café Sort. Notei sua presença e sua preocupação. – Disse a moça segura de si.

- Olivier Maillard é um tipo de fantoche para Jean-Mari o genro do senhor Pierre François. Não acredito a principio que tenha alguma participação efetiva no roubo. Pelo que pude notar, a menos que esconde com muita naturalidade seu envolvimento, nesse caso temos que admitir, seria um ator muito talentoso. – Completou Sthéfhanie.

- Ele entrou de féria no seu serviço hoje, com viagem marcada para Nice onde irá aproveitar o seu período de descanso. Não acha uma coincidência? – Questionou Gustave.

- Eu entendo como uma casualidade, inclusive ele se mostrou certo constrangimento com o presente das acomodações em um amplo apartamento onde com a família pudessem se acomodar, oferecido pelo senhor Jean-Mari. – Expôs seu ponto de vista a jovem espiã.

- Quer dizer que você não vê envolvimento nesta viagem, mesmo tendo o Mar Mediterrâneo como rota de fuga para a peça? – Interessou-se o experiente Gustave.

- Pode até ser, mas, como disse acho improvável, a não ser que ele esteja sendo um burro de carga involuntário conduzindo a encomenda que até aquele momento do nosso encontro não tinha conhecimento de qualquer envolvimento. Sua simplicidade de expressão denota certa inocência, vê-se que não se trata de uma pessoa acostumada a falcatruas, ao ilícito. – Esclareceu Sthéfhanie.

- Não acha conveniente uma verificação? – Questionou Gustave.

- Tanto acho que já estou com viagem marcada para logo mais à noite com destino àquela cidade. – Disse a moça.

- E o que você pretende com isto? Tem algum plano em mente? – Voltou a perguntar Gustave.

- Plano nenhum de imediato até ver como será o andar da carruagem. Os acontecimentos se desdobram e a cada desdobramento uma ação pertinente, concorda? Portanto de imediato, só pretendo acompanhar de perto seus passos, e, não será por muito tempo. Qualquer vacilo de sua parte estarei ao lado discretamente fazendo o meu trabalho. Se realmente ele tiver essa missão, sua participação será de imediato comprovada e alguém o estará esperando quem sabe até no próprio aeroporto de Nice. Ele parte amanhã, como já disse, eu faço isto hoje, portanto, estarei lá antes dele. – Arrematou Sthéfhanie.

- O hotel em que estarei hospedada fica a poucos metros de onde ele ficará com a família, para não comprometer a casualidade do nosso possível encontro, que não tenho dúvidas irá acontecer. – Esclareceu mais uma vez a espiã.

- Melhor assim. Enquanto você verifica por lá, estarei dando prosseguimento por aqui, e na medida em que for descobrindo novidades vou lhe informando. – Disse Gustave confiante nos resultados da parceria, mesmo porque adquiriu certa confiança na colega e o seu charme contagiante facilitaria em muito as perspectivas e os resultados de serem coroados com os louros merecidos.

- Como disse se houver qualquer envolvimento, os esclarecimentos deverão acontecer de um dia para o outro. Quem quer que seja não irá perder tempo. Os envolvidos estão com a faca nos dentes, e sabem que a identificação da peça quanto a sua originalidade só não foi divulgada por questões de estratégia. É notório que aqueles que freqüentam a mostra não se tratam apenas de leigos, há entre os visitantes exímios conhecedores e estudiosos de raridades antigas, que podem detectar sem muita dificuldade as falhas. Depois existem milhões de euros envolvidos que também podem muito bem ajudar a abafar o assunto. E o Museu mantém a questão sob sigilo para não comprometer o êxito da exposição. Contudo, é evidente que toda a comunidade especializada em obras de artes já deve estar sabendo e também se envolvendo na elucidação do caso. Os colecionadores honestos são unidos, coesos contra este tipo de acontecimento. Afinal, qualquer um pode ser a vítima do dia seguinte. E os seus patrimônios são valiosíssimos. Então eles fecham questão contra os falsificadores, contrabandista e receptadores inescrupulosos, bandidos. Você tem como exemplo o Sheik Al-Kalihah, ele não se envolveu por amizade simplesmente, certamente já foi alvo e vítima destes bandidos ou de outros semelhantes, e agora quer entrar na briga, somente assim, estaria somando a outras forças e constituindo um exército da salvação das artes, concorda? – Disse confiante Sthéfhanie.

- Eu concordo, porém em todo caso a astúcia será a nossa carta coringa que devemos ter na manga e a chave para o bom êxito na conclusão do nosso trabalho. – Advertiu Gustave.

- Não tenha dúvida! Devo esclarecer que esta não será a minha primeira experiência, pode ter certeza. – Respondeu com certa irritação, embora sorrindo a experiente espiã.

- E quanto ao senhor, o que tem para me adiantar? – Ironizou Sthéfhanie.

- Gustave Berthelot, convicto da sua obrigação como parceiro, fez toda uma resenha de suas descobertas e dúvidas, deixando claro sua quase certeza de que foi através de uma micro câmera de filmagem, acoplada em outro óculos similar ao usado por Pierre François o responsável pelas informações secretas da senha do cofre das artes. E só foi possível através da troca dos óculos em um momento muito raro. E como isto foi possível? Teria que ser por intermédio de alguém que estivesse bem próximo e conhecesse os hábitos do senhor Pierre, já que ele não deixa de usá-los em hipótese alguma, salvo quando vai dormir ou tomar banho, eu acredito. No que concordou Sthéfhanie, deixando claro que tal ardil já havia passado por sua cabeça, conjecturando o mesmo artifício. Só que ela se interessou mais em interceptar a retirada do vaso do território frances, prender os ladrões, revelar e eliminar de circulação os mentores.

O almoço transcorreu-se cordial e bem proveitoso. Acertou-se que cada um se encarregaria de uma parte nas investigações. Despediram-se deixando os acontecimentos progredirem-se naturalmente.

Confiante de que havia agido corretamente, assim que se despediram Gustave continuou com o seu cronograma programado para aquele dia sem alteração. Procurou por indicação do amigo e parceiro de profissão Philippi Boulet um conceituado designer gráfico com ateliê instalado no centro da Cidade Luz. Após alguns minutos de conversa entregou-lhe uma foto do senhor Pierre François fotografado em close para ser trabalhada a armação dos óculos em 3D.

Enquanto acertava os detalhes de sua curiosidade quanto à melhor avaliação das imagens dos óculos de Pierre François, Gustave lembrou-se que havia outra foto recente, arquivada no seu arquivo eletrônico, disponível na sua maleta que se encontrava no banco traseiro do seu carro, estacionado a poucos metros de onde estavam. Chamou o auxiliar do designer entregou-lhe as chaves e solicitou o obséquio de lhe trazer os seus pertences explicando onde encontrá-los. Em menos de vinte minutos após a saída do rapaz, ouviu-se uma grande explosão. Mesmo achando estranho o barulho, continuaram indiferentes, tratando dos seus negócios. Como o moço demorava regressar com os objetos, resolveram certificar-se dos motivos. Ao chegar à rua perceberam a movimentação nas proximidades do estacionamento onde estaria o automóvel. Constataram que a explosão havia detonado o veículo e o rapaz que se encontrava no seu interior. Não foi difícil concluir que aquela bomba tinha endereço certo, acabar com a vida de Gustave, e o tipo de explosivo somente a perícia seria capaz de identificar, mas pelas características estava quase evidente tratar-se do explosivo sintético C4 programado para detonar segundos após a pessoa adentrar no automóvel. Por infelicidade e sorte sua, era de um inocente jovem no cumprimento de um favor. Preocupado com o ocorrido recorreu à sua experiência para concluir que quem quer que fosse o mandante estaria apreensivo e não era tão experiente em assuntos daquela envergadura, talvez o encarregado sim, mas também não foi astuto e preciso o suficiente como deveria. Se a bomba tivesse sido acionada por controle remoto o objetivo teria sido alcançado, e ele já era. Ainda manipulando o colar de contas do seu rosário de esclarecimentos, deduziu que estava prematuro aquele tipo de acontecimento, mesmo porque as investigações estavam apenas começando e ainda não havia nada conclusivo, apenas algumas interrogações longe de serem concretas. Depois poucas pessoas sabiam do seu envolvimento no esclarecimento do caso. Sacudiu a cabeça com expressão de desaprovação àquela atitude, dizendo entre dentes mais um de seus velhos bordões: “Tem vespa perigosa mexendo na colméia de abelhas obreiras.”

Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante.

Imagens: Internet.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ambição, o destino de uma raridade - 3ª Parte












Na primeira parte o valioso vaso de porcelana, uma raridade histórico-cultural do período de ouro da porcelana chinesa e da Dinastia Ming do século XIV é roubado durante a exposição do milionário Pierre François no Museu do Louvre; na segunda parte o experiente Gustave Berthelot contratado para descobrir o paradeiro da obra inicia suas investigações; na terceira parte Gustave começa a alinhavar suas suspeitas.

Naquele mesmo dia, no seu escritório doméstico novamente, com as fotos em mãos mais as anotações, tentava montar o seu dominó de informações, quando uma luz imaginária ascendeu do alto dos seus pensamentos, instigando-o a retornar ao Louvre. Já havia estado por lá pela manhã, mas agora o que o atraía tanto a fazer aquela nova visita? Seu instinto e faro de bom lobo caçador lhe diziam que algo novo iria o surpreender. Vestiu-se no seu costumeiro sobretudo preto que lhe cobria boa parte do terno cinza e se dirigiu ao local da exposição. Entre os visitantes eis que surgiu sua instintiva surpresa: Sthéfhanie Marret transitava elegante reparando as peças. Imediatamente passou a se interessar pela moça, acompanhando-a discretamente por onde passava. Quando a bela morena aproximou-se do suposto vaso, que não passava de uma réplica, Gustave Berthelot se achegou dela, levando nas mãos um folheto explicativo das peças expostas como qualquer curioso numa área do conhecimento de artes de rara beleza e histórica. Esperto como rato de hotel, provocou o diálogo com a charmosa dama sobre o valioso vaso.

- Aqui neste folheto diz que este vaso foi presente de um rei chinês à sua amada rainha. É considerado uma raridade expressiva do século XIV. Deve valer uma fortuna. – Conversou demonstrando curiosidade com a espiã Sthéfhanie.

- Deve sim! Estou reparando na quantidade de pedras preciosas e o cuidado com o acabamento da peça envolvendo os desenhos em ouro. – Disse a moça despretensiosamente, não se sabe por desconhecimento da originalidade da peça, ou intencionalmente com o objetivo de evitar alguma polêmica.

- Realmente, é muito bonito. – Completou Gustave.

- Não sou entendida de artes, mas para quem entende ou coleciona, deve ser prazeroso admirar uma peça tão antiga e valiosa. – Observou novamente a moça.

- Pelo seu sotaque percebe-se que não é francesa. É alguma turista interessada em cultura de artes?

- Na verdade, não sou francesa, mas moro nesta cidade de luz e encanto há pelo menos dez anos. Trabalho na Embaixada Árabe que é do meu país de origem. Inclusive tem na minha terra um importante colecionador que em conversa pelo telefone me recomendou não perder a oportunidade de visitar esta exposição e aqui estou. Certamente muito feliz com o que vejo – Explicou Sthéfhanie.

- Eu tenho vindo aqui pelo menos duas vezes ao dia para observar os visitantes e conversar com alguns. Sou jornalista e pretendo escrever um artigo divulgando os resultados da mostra. – Concluiu sua conversa com um largo sorriso o versátil Gustave.

A moça correspondeu ao sorriso e continuou sua cuidadosa visita. Gustave também fez o mesmo, só que em outro sentido, foi direto para sua casa.

Assim que chegou em casa seguiu para o seu escritório, onde iria aguardar o telefonema do seu amigo de espionagem. Acontece que durante o trajeto de volta pra casa não perdeu tempo e passou por telefone as informações recentes recebidas da moça para que dados complementares fossem levantados.
Quando o amigo respondeu confirmando de quem se tratava realmente a moça e sua origem, acrescentou que Sthéfhanie Marret ou Yasirah Saleh também trabalhava para o Sheik árabe Al-Kalihah, além de pertencer a casta de nobre família da sociedade do seu país. Estudou na frança, era doutora em Comércio e Relações Exteriores, fala fluentemente o idioma frances, inglês, alemão e japonês. Nesse momento Gustave acrescentou mais uma peça no seu intrincado quebra-cabeça.

No dia seguinte logo pela manhã vestiu-se como um importante homem de negócios e se dirigiu ao aeroporto. Acompanhado do amigo e chefe da expedição, fez um longo trajeto pelas áreas privadas dos estacionamentos de aeronaves, até chagar ao hangar do milionário Pierre François. Passando-se por um curioso em aviação procurou se informar de cada item das aeronaves que pudessem facilitar suas investigações.

Gustave já havia feito uma somatória dos possíveis autores. Como experiente que era e também perfeccionista nas suas avaliações e condutas, resolveu dar um tempo para fazer uma revisão nos dados observados. Depois de ter participado da abertura do cofre forte, visto todo o circuito integrado de vídeo e a própria sala de segurança máxima, não tinha mais dúvidas de que era ali o princípio e o meio da ação dos bandidos, mas ainda restava o fim. Tinha certeza de que não seria apenas uma pessoa envolvida na trama, mas sim de várias. Sustentado neste foco de entendimento partiu então para uma análise mais detalhada. Reiniciou todo o processo de análise das fitas de vídeos em busca de vestígios. Invocou sua longa experiência, concatenando ideias, de repente veio-lhe à mente algumas coisas inusitadas, só vistas na ficção através dos filmes de espionagens policiais. E questionou uma vaga possibilidade. Pensou: “E como não? Tudo é possível nesta altura dos acontecimentos. O autor poderia muito bem ter forjado um ambiente de tranqüilidade refletindo nas lentes das câmeras várias fotos a partir de diferentes ângulos equivalentes ao alcance do monitoramento. Como a ação seria rápida, a equipe responsável pela vigilância monitorizada nem perceberia algo estranho.” Concluiu: “Quem tem um plano deste pensa em inúmeras variáveis.” Retornou ao banco e fez novas vistorias, agora com mais critérios. Ficou um bom tempo diante dos sensores de controles de acessos dos cofres, em meditação semelhante a um monge em sua contemplação espiritual. Digamos em Alfa, seria assim? Em seguida imaginou uma pessoa usando óculos com uma minúscula câmera de filmagem monitorada por computador acoplada à idêntica armação ao dos óculos de Pierre François sendo inclusive usada por ele no momento da digitação da senha, pensou: “Este monitoramente seria feito a partir de outro lugar fora do banco, de um automóvel, por exemplo, estacionado nas proximidades. Seria um excelente recurso para passar as informações; esta pessoa se encarregaria de registrar todos os dados, depois, repassaria para alguém de confiança da instituição que tem liberdade de ir e vir dentro do cofre máster que se encarregaria de efetuar o roubo; faria a troca das embalagens e sem que ninguém percebesse colocaria em outro lugar seguro e quando estivesse confiante de que nada o impediria, a obra seria colocada para fora dos domínios do banco e imediatamente transferida para outra pessoa que se encarregaria do restante do plano.” Mais uma vez sua mente excitada em busca de respostas induziu-o a novo questionamento: “Estaria a peça ainda em território frances? É possível, não arriscariam colocar tudo a perder por precipitações ou ansiedades. Experientes, estudaram todas as variáveis para uma perfeita isenção de falhas, garantindo-lhes um plano perfeito, arquitetado de forma precisa.” Gustave foi acumulando um sem números de cogitações que o deixou em via única de colisão. Teria agora que encontrar uma saída e evitar o desastre. Nesta trama há muito dinheiro envolvido. Concluiu: “Não foi uma ação isolada. Haveria outra pessoa, ou outras de influência econômica financiando o plano, muito interessada na preciosidade. Mas vamos descobrir!”

Sem abandonar o curso das suas pesquisas investigativas, abriu uma nova vertente encima das suas cogitações. O passo seguinte seria descobrir os artesãos ourives que pudesse confeccionar um par de óculos semelhante ao de Pierre François, pois, só poderia ser este o instrumento utilizado para passar as informações. Como dispunha de pouco tempo para atender todas as necessidades que se apresentavam a cada momento, nomeou como seu assistente Philippi Boulet, que além de amigo confiável, também era espião aposentado da Inteligência Francesa e que já vinha auxiliando-o anteriormente no caso da identificação de Sthéfhanie Marret.

Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante.


Imagens: Internet.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ambição, o destino de uma raridade - 2ª Parte.


Na parte anterior o valioso vaso chinês de propriedade do milionário colecionador e banqueiro Pierre François é roubado e substituído por uma imitação durante uma exposição no destacado e fascinante Museu do Louvre. A peça é uma raridade histórico-cultural remanescente do período de ouro da porcelana chinesa e da Dinastia Ming do século XIV.


Depois de acertados os detalhes iniciais, o tarimbado investigador se dirigiu para o museu com o objetivo de iniciar os seus trabalhos. Discretamente fotografou os presentes e conversou com alguns, temendo a possibilidade de vazar informações sob a integridade da exposição. Uma vez cumprido as primeiras horas nas suas avaliações, seguiu em direção ao Aeroporto Charles De Gaulle, onde pretendia se encontrar com um velho amigo e Chefe do Departamento de Expedição do Aeroporto.

Gustave Berthelot era um respeitado profissional. Já havia feito parte do Serviço de Inteligência Frances até o final de Guerra Fria. Aposentado do sistema resolveu dar prosseguimento às suas atividades como investigador particular, responsável pela elucidação de casos considerados insolúveis. Sua aparência o definia como uma pessoa portadora de detalhes diferenciados, como apresentar-se enquanto trabalhava caso necessário, disfarçado em multifaces para dificultar sua identificação.
Com sua estatura de um metro e oitenta de altura, pesando aproximadamente cem quilos, cabelos grisalhos, que não caracterizavam com exatidão sua imagem, visto que, dificilmente mantinha-os de uma mesma maneira por longo tempo: digamos, podia-se dizer que era um camaleão assumido. Só o peso e a altura se mantinham. Também era considerado por muitos um cavalheiro, pela elegância dos seus gestos e extremada competência. Sob esse visual nem tanto incomum o irreverente Gustave Berthelot sobrevivia enfrentando tarefas difíceis, só permitidas àqueles que possuíam competência e experiência igualmente diferenciadas.

O próximo passo seria levantar todas às evidências dos últimos dias, fatos inequívocos e indispensáveis inicialmente coletados durante a recente reunião na residência da vítima. Inclusive suas considerações de que necessitaria de tempo, para isto se isentava de prestações de contas diárias do seu trabalho.

A partir do momento em que aceitou a missão, não parou um instante sequer. Na segunda-feira às 7:30h já se encontrava no Banco para acompanhar todos os procedimentos habituais, e verificar todo o sistema de segurança, principalmente o eletrônico. Assim que foi recebido por Pierre François e o pessoal da segurança, interessou-se em saber de forma pormenorizada de cada detalhe, evitando assim, qualquer possibilidade de omissão nas informações. Satisfeito despediu-se e partiu em direção do Departamento do qual Jean-Mari administrava e que ficava instalado no quarto andar do mesmo prédio onde funciona o banco.

Como a tarefa era correr contra o tempo, Gustave Berthelot, assim que se apresentou diante de Jean-Mari, dispensou formalidades e foi logo tratando-se do que realmente lhe interessava: averiguar detalhes, de preferência os mínimos.

- Sr. Jean-Mari, sei que deve está preocupado com a segurança das peças em exposição, algumas delas também pertencem ao seu sogro, agora só um detalhe: notou algo incomum no transporte durante o translado? – Perguntou displicentemente o minucioso investigador para não demonstrar excessiva curiosidade.

- Não, tudo aconteceu como previsto. Mas porque esta pergunta? Alguma dúvida, ou está acontecendo algo que não estou sabendo? – Retrucou o arrogante Jean-Mari.

- Não, claro que não! Apenas curiosidade. Fui designado pelo Museu do Louvre para montar uma força tarefa que será encarregada de transportar a preciosa Mona Lisa até o Museu Britânico (British Museun) na Inglaterra, onde permanecerá exposta durante um mês. A princípio pensei que os seus serviços seriam ideais. Depois levando-se em conta a minha amizade com o senhor Pierre François, acredito que não me recusará a um pedido meu nesse sentido. - Dissimulou estrategicamente Gustave.

- Acredita que essas mesmas pessoas envolvidas nesse recente transporte estarão disponíveis para essa outra possível empreitada? – Questionou em seguida, Gustave, sem nem mesmo dar chance de resposta à observação anterior.

- Não sei, mas posso verificar. Receio que o piloto terá que ser outro, mas, se assim for, terá como é costume deste Departamento a mesma credibilidade e qualidade de Olivier Maillard. – Esclareceu Jean-Mari.

- Acontece que pelo que fui informado Olivier o piloto deste último trabalho está com viagem acertada para Nice onde permanecerá por um mês, em férias. - Afirmou de maneira espontânea o genro do milionário colecionador.

- Mas não se preocupa, como já disse, temos outros com a mesma qualidade e confiabilidade. – Voltou a dizer Jean-Mari.

- Oquei, veremos o que podemos fazer. Te informo qualquer decisão. – Respondeu Gustave Berthelot sem mais perguntas, despedindo-se sem deixar qualquer interrogação pendente.

Novamente de posse das informações, seguiu o curso do seu trabalho. Não fazia parte de o seu estilo infiltrar muito nos questionamentos, para não criar um sintoma de maior interesse em determinado tema, e assim, formular ele mesmo suas conclusões e tocar o seu barco no destino pré-estabelecido: identificar o responsável ou responsáveis pelo roubo. Na medida em que ia colhendo as informações era seu costume criar um tipo de universo paralelo nas suas investigações, destrinchando de maneira criteriosa o seu novelo de dados armazenado no arquivo de suas memórias.

Gustave Berthelot destacou como motivo de interesse, acompanhar de perto Olivier Maillard, e assim passou a segui-lo. No dia seguinte logo pela manhã o encontrou no Café Sort, em pleno horário de trabalho conversando com uma linda mulher de características árabe. Embora se vestindo como uma européia, o seu sotaque a condenava. Curioso para saber de que assuntos se tratavam, gratificou o garçom solicitando-lhe maior atenção ao casal. A conversa não demorou muito, porém, o que parecia um encontro casual amistoso, sem maiores preocupações, estava ali estabelecido uma suposta implicação que merecia esclarecimentos. Através de sua inseparável mine câmera fotográfica tirou algumas fotos interessantes. Antes de sair agradeceu ao jovem atendente entregando-lhe seu cartão com o número do seu telefone, prometendo retornar a qualquer momento para maiores informações suplementares.

Com as fotos em mãos, procurou o amigo e companheiro dos tempos do Serviço Secreto Frances Philippi Boulet, para fazer um levantamento nos arquivos da instituição a procedência daquela atraente mulher. Não foi difícil descobrir que se tratava de uma agente espiã saudita chamada Yasirah Saleh, que atuava na Europa com o nome de Sthéfhanie Marret de 38 anos. Não muito satisfeito com as primeiras informações, encarregou o amigo de obter mais detalhes e seguiu com o seu trabalho, preocupado com o acaso do piloto e uma agente conversando em plena manhã num café da região central de Paris. O que estariam discutindo? Nesse ínterim lhe veio um lampejo, com a somatória dos dados contabilizados, já tinha suporte suficiente para montar o seu glossário de informações ainda sem respostas. Se auto-exigindo: "esses acontecimentos recentes precisam o quanto antes mostrar com eficiência as primeiras pistas. E o vaso, ainda continuaria em território frances? E que fim o teria levado?" Sem hesitar telefonou para o amigo do Serviço de Expedição do Charles De Gaulle mantendo uma rápida conversa. Era seu costume utilizar-se de bordões pessoais para expressar sua ansiedade: “para uma boa resposta basta um telegrama, com poucas palavras bem empregadas é o suficiente para contar uma história. Tempo é precioso para se gastar com futilidades”.

Não deixe de continuar acompanhando esta história que a cada momento pode ser uma surpresa emocionante.

Imagens: Internet.